Para um agradável passeio no campo

É difícil compreender o que significa 'muitos mosquitos' quando não se conhece o Pantanal. Principalmente a região onde trabalho, o Pantanal do Miranda. E trabalhar entre pernilongos é um assunto á parte. Exige tecnologias. Exige repelente de pterodáctilos, já que nenhum dos comercializados espanta os merdinhas. Calça e camisa, não basta serem compridas. Deveriam ter poros que impedissem a penetração das probóscides, mas que fossem providos de bombas que permitissem a transpiração do pobre pesquisador no campo. Na falta, eu e minha equipe aprendemos com a prática que utilizar meia-calça sob a calça diminui a chance de dois poros se sobreporem, o que impede a passagem do aparelho bucal dos dípteros, com subsequente encontro da pele. As camisas devem ser duas, pelo menos: uma de mangas compridas, frouxa, sobre camiseta de malha. Ainda assim, os cotovelos, ombros e partes em que o tecido aderir à pele serão espoliados sem pudor. Para a cabeça, dispomos de um véu que, jogado sobre o chapéu de abas largas, e enfiado no decote da blusa, funciona como a roupa de um apicultor. A paisagem ganhará um tom esfumaçado e etéreo. Não se fie na hipótese da tênue neblina ser provocada pela interposição do véu aos olhos e à paisagem. Pode ser o abafamento que te causa tonteiras e você pode desmaiar. E tem mais essa: tudo tem que ser branco e carece de ter fé de que o cara amarela terá clemência na projeção dos raios. Mas ele sempre é implacável no Pantanal.

A moda campo-Pantanal apresenta muitos looks, das apicultoras-espantalho aos açougueiros que vestem branco e botas Sete-Léguas, passando pelos mensageiros-Talebans, com a cabeça ensacada pela camisa, e apenas os olhos descobertos.

Comentários

Anônimo disse…
Ei,Carol! Olha não vivo no Pantanal mas agora já sei como driblar peuqenos voadores. Para uso doméstico acho que meia-calça, duas blusas e um boné do Chaves tá bom. Pelo menos me livro daqueles repelentes fedorentos. Bjão, Cynthia.
Anônimo disse…
Mensageiro taleban !!! É assim que me sinto sempre que vou ao pantanal no início das chuvas... alias, sempre... mas no início das chuvas é TRASHHH !!!
Aninha, compile esses seus pensamentos lindos de poetisa em um livro !!! E pode deixar que eu faço a propaganda...
Grande abraço minha querida amiga !!!
Té +
Anônimo disse…
Tenho uma coisa a dizer: ahahahahahahahahahahhahahahahahahahaha
Muito bom Aninha!!!
Adorei a moda Pantaneira! Só esuqeceu de ma coisa: Os zumbidos malditos na orelha!!! Ninguém merece aquele zumbido!! Faz com que as picadas sejam mais fortes e insurpotáveis de resistir!!! eehehehehhehehehe

Muitas beijocas saudosas!!!
Anônimo disse…
Óia, ñ sabia q samambaias do pantanal eram abrigo de pernilongo!! Mto bom Aninha, só de lembrar das nuvens sangue-suga ja da uma coceirinha.
Apoio a idéia do chefito, escreva um livro!
bjos, até mais
Anônimo disse…
Pantanal Fashion Week
Sempre bom ler essas linhas de quando em vez.
Anônimo disse…
Aninha eu concordo plenamente com o frito e o mamão a respeito do livro.A moda pantaneira,assim como a gripe pantataneira,são coisas complicadas do pantanal mas que valem a pena.beijos Aninha, Guilli
OLHASÓQUEBELEZURADEESCRITURA!!!!

Lindos, lindos... poesia em prosa.
Graça, profundidade e coesão, como os escritos da onça no tronco.
Também imploro pelo livro, e um desfile (fotos) da moda pantaneira >> I Mosquito Fashion Week <<< no blog da Ana.

Um beijo.
Ah, se meus escritos são como os da onça no tonco....
Parece música!
"Ah! eu vou dar uma volta lá na mata do sapé, onde mora o papa-mé, o furão e a caipora, que o gato fora de hora faz visita no poleiro. É no pé do lajeiro aonde a onça mora, mas inté minha noiva viu a carreira que eu levei nos caminho onde passei."

João do Vale

Postagens mais visitadas deste blog

De trevas e luz: os brejos

O dom para fazer contato

O Capão da Onça