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Mostrando postagens de junho, 2006

O Capão da Onça

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Uma vez, terminei meu trabalho antes do previsto, ficando com uma manhã livre. Seu Geraldo já tinha me falado algumas vezes sobre o Capão da Onça, 'onde ela fica'. Não era muito longe da Base, dava para ir a pé. Ela mesma vivia fazendo este trajeto, tendo sido vista algumas vezes com dois filhotes sob as palafitas da Base. Era um dos muitos capões por ali, mas 'naquele a onça ia mesmo'. Levava pra lá os bichos que caçava e deixava montinhos de ossos brancos, reluzentes, de jacarés, macacos, queixadas e tal. "Você precisa ver as marcas nas árvores das garras dela, ela afia as unhas ali". Calçamos as botas de borracha, vestimos camisas de manga comprida e embrulhamos a cabeça em outra deixando apenas os olhos de fora, para escapar da fúria dos pernilongos, que com o início das cheias naquele novembro, estavam ouriçados. Depois de 20 minutos de caminhada chegamos ao Capão. Atravessando uma faixa de capim alto que se interpunha entre o campo e a mancha de árvores

Até o átomo

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Penso de novo no exercício de estranhamento (veja o post anterior) para os naturalistas do século XXI. Em um mundo demasiado conhecido, onde a ciência já dissecou seres vivos, o planeta, processos globais, onde a NatGeo, a Discovery e o Animal Planet nos mostram coisas do arco da velha no sofá das nossas casas, não há muito mais o que se conhecer. E a natureza lá fora parece entediante, muito lerda perto das tecnologias que se multiplicam em reação em cadeia. Não é. Mas é assim que pensamos. O mundo continua tão desconhecido quanto quando os primeiros naturalistas percorreram o planeta, contando para os habitantes do Velho Mundo sobre bestas, plantas magníficas, povos de pele vermelha e vergonhas mui saradas. Acho até que o mundo proessegue ainda mais desconhecido que naquela época. A exploração da natureza também é uma reação em cadeia. Cada paisagem, cada processo e cada organismo descrito é como uma janela que se abre para uma nova viagem, um universo que se expande nos detalhes, qu

Uma descrição e um exercício

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Na coleção das árvores habitadas por formigas, têm também as embaúbas, de nome Cecropia pachystachya. São árvores ocas de tronco dividido por nós, os quais são perfurados pelas formigas, que podem assim trafegar livremente na imensa galeria em seu interior. Na extremidade dos galhos, próximo à inserção das folhas, as formigas fazem buracos por onde passam á superfície externa da árvore. Próximo ficam os triquílio, estruturas aveludadas na base das folhas, que produzem corpúsculos ricos em óleos e glicogênio, dos quais as formigas se alimentam. Curiosa foi a forma da árvore cativar formigas. Para defenderem-se de animais herbívoros, era necessário que as formigas fossem carnívoras. Por isso as cecrópias desenvolveram ao longo dos tempos a capacidade de produzir corpúsculos de glicogênio, uma substância tipicamente produzida por animais. E de fato, as formigas não deixam barato para os invasores. Em experimentos colando-se cupins em cecrópias, é possível observar os ataques aos cupins re