Um sonho
Uma vez sonhei que tinha morrido. Eu ficava trançando no quintal da minha casa, debaixo da jabuticabeira, nos lugares que gostava de brincar, sem ninguém me ver, porque estavam na dimensão dos vivos. Eu tentava me comunicar através e cheiros, que eram sílabas. Eu fiz uma espécie de paleta, só que não era de cores, era de cheiros. Tinha cheiro de folha espremida, flor, terra vermelha, terra preta, terra molhada. Eu montava as palavras de cheiros e minha mãe começou a entender. Daí eu acordei.