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Mostrando postagens de maio, 2007

As flores do campo

Pantanal em maio, no frio. Uns 17 graus à noite. Frio de dia também, mas com céu claro no fim da tarde. De manhã não, umas nuvens cinzentas, aquelas aves pretas que sempre voam muito alto por lá. "No frio, os bichos andam melhor", ensinou o Seu Geraldo. "É mais fácil de ver eles, onça, até sicuri. O sicuri gosta é de frio, desses brejos. Ele tem uma banha tão quente, que é capaz d'ele sair no sol e derreter". De veras, vimos um tamanduá bandeira, um veado fêmea e, à noite, um mocho orelhudo, que gritava 'u-uuuu" no alto de uma árvore, e outro respondia 'u-uuuu' do telhado. Do tamanho de um peru, esse mocho. As abelhas, que eram as que procurávamos, ficaram entocadas. Não deram as caras. No ramo dos insetos, só no fim da tarde é que apareceram umas moscas, umas borboletas e besouros, mas já fora do horário de atividade das que buscávamos. Depois do dia cinza, úmido, sem abelhas, foi bom ver o céu se abrir, ainda que sem sol, e, procurando flores

Abelhazzz!

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O Samuel, Sam, trabalhava com abelhas. As jatis e as trigonas nativas, boazinhas, que se pode até pegar com os dedos, ou colher o mel na colméia com as mãos nuas, tadinhas. E as africanizadas agressivas, que deram fama às outras abelhas de serem perigosas. Antes, eram as nativas que polinizavam as flores pantaneiras, que pegavam o pólen, o açúcar e os óleos, e fertilizavam as plantas para produzirem sementes. Depois, chegaram as africanizadas, que fazem muito mel e, por serem agressivas, devem competir com as nativas. O Sam queria estudar isso, e mais: queria saber de quais flores é feito o mel pantaneiro. Igual tem mel de laranjeira, de assa-peixe e de eucalipto, o mel pantaneiro pode ser do tarumã de flores roxas, ou do manduvi, que os tucanos tanto gostam, ou das plantas aquáticas. Para descobrir, ele fez uma gambiarra muito da engenhosa, que tinha de pregar na entrada da colméia das Apis mellifera, que são as próprias africanizadas. Bão. O Sam pediu ajuda ao Roberto para instalar s

Quando um pingo é letra

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“Um mulato e um pequeno brasileiro me acompanharam. Esse último era quase uma criança (...). Nunca vi nada igual ao seu poder de percepção. Muitos dos animais mais raros nas trilhas mais obscuras foram pegos por ele. Eu não ficaria tão bem servido se um besouro se tivesse transformado em traidor e se tornado meu ajudante, do que em ter encontrado um colaborador tão capaz (...).” Charles Darwin, em seu diário de viagem, sobre a ajuda que recebeu na coleta de besouros durante sua passagem pelo Rio de Janeiro, em 1832. Quem, se nos fosse dada a chance, não gostaria de conversar com as plantas e os bichos? Que perguntas você faria a uma árvore, se falassem a mesma língua e pudessem conversar? Pense em quantos eventos esses seres aparentemente inertes e silenciosos, que são as árvores, presenciam ao longo da vida. Quantos insetos, aves, ninhos, liquens, musgos, trepadeiras e epífitas abrigam em seu corpo? Imagine o depoimento brilhante que nos dariam sobre as horas solitárias, noites, tempe