De trevas e luz: os brejos


Eu trabalho no brejo e muito da minha percepção do Pantanal vem dali. O Pantanal é brejo na cheia e continua a ser na seca, naqueles reconditos onde as plantas aquáticas sempre vicejam, onde os jacarés repousam e os mosquitos proliferam. Os brejos de lama, das macegas dos camalotes, de estranhos bichos que se esgueiram no barro, as águas turvas. O domínio dos animais frios, anfíbios e répteis, da sucuri, da caiçaca e da boca-de-sapo.

Mas é lá também que crescem os jardins de plantas aquáticas, das flores roxas dos camalotes, das brancas dos chapúes de couro, das pervincas perfumadas, das flores noturnas das ninféias. Das muitas formas de vida: as aquáticas livre-flutuantes, as flutuantes-enraizadas, as emergentes, as submersas, as que crescem sobre outras aquáticas, epífitas tão diferentes das que crescem sobre árvores. É no brejo que os animais buscam água na seca. E é lá que tudo se cria: alevinos, girinos, insetos. As aves nidificam entre as plantas do brejo. Uma espécie de sopa primordial - para as trevas ou para a luz, conforme se queira. O desconhecido, o selvagem, o inatingível. Tudo o que nos amedronta e não se pode dominar. Ou a simbologia da fertilidade, da transformação, a mãe-natureza.

Eu gosto do brejo, e é lá que quero estar.

Foto: Carlos RLehn

Comentários

Anônimo disse…
Massa Aninha!
Ainda mais porque vc citou um grupo tão distinto, os anfíbios... hehe
Gostei muito!
Bjin e saudades docê,
Anônimo disse…
Eu tb gosto de brejo!!!
Muitas das minhas Odonatas vivem lá!!!
E comem os girinos da Andri!!!
ehehehehhehe
Adorei! Simplesmente ótemo!!!

E tenho muitas saudades suas!!!

Mil beijocas!!
Anônimo disse…
Aninha,

Você já escrevia bem. Agora inspirada pelo pantanal então, tá difícil de segurar... Quando eu for professor (se for), vou usar este texto do brejo com meus alunos. Dá pra explorar muita coisa: ecologia, filosofia, caipirologia, zoologia... A gente vê o que quiser. Ficou massa! Volto aqui com mais calma.

Um abraço,
ou melhor, vários...
Antonio
Anônimo disse…
Aninha,

Você já escrevia bem. Agora inspirada pelo pantanal então, tá difícil de segurar... Quando eu for professor (se for), vou usar este texto do brejo com meus alunos. Dá pra explorar muita coisa: ecologia, filosofia, caipirologia, zoologia... A gente vê o que quiser. Ficou massa! Volto aqui com mais calma.

Um abraço,
ou melhor, vários...
Anônimo disse…
Amei Aninha. Muito bom!
Beijinho
Anônimo disse…
oi ana... não sei se vc lembra de mim... mas na faculdade eu me mostro... adorei os seus textos... recebi no meu email... acho q vc enviou pelo orkut... muito legal!!!! vou passar por aqui sempre...

bjo
Anônimo disse…
já era fã da pessoa, das risadas, das conversas regadas a uma cervejinha.
agora virei fã da poeta, pantaneira, sempre bióloga e amante da natureza e da simplicidade da vida, como ela mesma se coloca.
beijos!
Anônimo disse…
já era fã da pessoa, das risadas, das conversas regadas a uma cervejinha.
agora virei fã da poeta, pantaneira, sempre bióloga e amante da natureza e da simplicidade da vida, como ela mesma se coloca.
beijos!
Ai meus amigos,
Andri, Carol, Antonho, Lica, Pri (claro que me lembro de você), Lu... Queria estar no brejo com todos vocês!
Beijos,
Aninha

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